Desenvolvimento Regenerativo
Para melhor compreender o Turismo Regenerativo, antes é necessário entender um pouquinho mais sobre o paradigma regenerativo. Trabalhar de forma regenerativa não é para qualquer um, é necessário que a pessoa, setor ou organização tenha uma vontade genuína de ir além da sustentabilidade.
Fazemos parte de um organismo vivo e inteligente que é conhecido por Gaia, o nosso Planeta Terra. Ao ampliar a visão de mundo para uma compreensão ecológica, abre-se uma nova percepção para o desenvolvimento de um entendimento da interconectividade, de interdependência e da habilidade de projetar e agir de forma interativa.
Estamos passando por uma crise que nunca experimentamos antes como experiência humana. Os níveis de degradação ambiental, as alterações climáticas, a avassaladora economia dos recursos naturais, a desconfiança política, as migrações e o crescimento exponencial da população humana são, sem dúvida, fatores que estão a mudar o presente e o futuro.
Atualmente nota-se que já não basta sustentar o que está acontecendo, precisamos dar um passo na direção da restauração, da reconciliação e da regeneração eco-social, este é o movimento que nos inspira. É preciso ajudar a construir comunidades que integrem novas formas de pensar o mundo, saindo dos velhos paradigmas para liderar esses tempos de incertezas.
É preciso uma abertura e espaço seguro para que perguntas profundas possam ser feitas. A abordagem regenerativa entende que a sua saúde consiste e depende da saúde coletiva e trabalha sempre no sentido de contribuir para que floresça as condições necessárias para o aumento da vitalidade, viabilidade e capacidade para a evolução do lugar a que pertence.
Alguns fundamentos teóricos do Desenvolvimento e Design Regenerativo como a visão sistêmica da vida, pensamento sistêmico e complexo, fenomenologia do lugar e ciências holísticas por exemplo, podem beneficiar qualquer pessoa ou iniciativa que queira se alinhar com o funcionamento da vida em geral, na prática vai servir melhor aquelas iniciativas que tenham a capacidade de se engajar em escala territorial. Como comunidades intencionais, eco-resorts, fazendas, parques e unidades de conservação, centros de aprendizagem, projetos de urbanização, empresas e indústrias de diferentes áreas como o turismo, por exemplo, podem se engajar no trabalho de regeneração local.
Para quem tem interesse em uma jornada de aprendizagem com foco no desenvolvimento regenerativo, você pode visitar a página do IDR – Instituto de Desenvolvimento Regenerativo, e se aprofundar neste método de inovação transformativa, abordagens convidativas a uma mudança nas próprias bases do pensamento que lhe permitirá aprimorar a visão holística, a comunicação empática, a capacidade de envolver outras pessoas e a habilidade de gerenciar e aprimorar o seu pensamento e a sua presença. Assim como também, a capacidade de repensar seu destino de viagem para melhor uso do seu tempo livre.
De acordo com Vanesa Ccahua Gutiérrez, colaboradora glocal (quem pensa globalmente e age localmente), o programa da Universidade de Cooperação Internacional da Costa Rica, em 2019, iniciou um programa de estudos que rompe com o esquema tradicional da metodologia de aprendizagem e formação, e inova com uma plataforma, que busca criar verdadeiras soluções para resolver problemas mais desafiadores que colocam nossa vida planetária em risco, chamados Certificado em Empreendedorismo Regenerativo, que detalha:
“O desenvolvimento regenerativo é um processo de gestão dinâmico que participa com o resto da natureza para restaurar a saúde e vitalidade dos ecossistemas. Isso abre novas oportunidades além da sustentabilidade tradicional, que geralmente é vista como um objetivo final e não como um resultado natural de processos de gestão inteligente. É uma abordagem holística baseada no local que incorpora processos transdisciplinares com participação ativa e capacitação das comunidades locais por meio do reconhecimento do valor de suas redes sociais, culturas, conhecimentos e crenças.
De acordo com estes avanços, surge uma grande oportunidade e desafio para o desenvolvimento do turismo comunitário regenerativo, o atual crescimento da procura por este tipo de turismo e as tendências conscientes exigem experiências mais autênticas e únicas com resultados transformadores, onde o mercado ofertante ainda continua a buscar adequar o design de experiências a produtos e serviços que possam atender efetivamente a essa demanda.
É aqui que se torna urgente a mudança de percepção de como alcançar a desejada competitividade na prestação de serviços de turismo comunitário regenerativo, aplicando a gestão do turismo sob o pensamento sistêmico em uma perspectiva holística para alcançar o turismo comunitário regenerativo.
Mas afinal, o que é Turismo Regenerativo?
Você já deve ter nos visto falando muito sobre os problemas e impactos do Turismo de Massa, não é mesmo? Acontece que o turismo, feito da forma correta, é uma das chaves para o desenvolvimento regenerativo: ele move 1.200 milhões de pessoas em todo o mundo. Como categoria de exportação mundial, o turismo ocupa o terceiro lugar, atrás apenas dos combustíveis e produtos químicos, e à frente da indústria alimentícia e automotiva, gerando 10% do emprego mundial. Em viagens regenerativas, viajantes e empresas trabalham juntos para não prejudicar o planeta e ainda trabalham para compensar os danos já causados ao destino visitado.
Tem um potencial inegável de superação da pobreza e uma ferramenta social que ajuda a compreensão, multiculturalismo, inclusão e, portanto, uma cultura de paz. A regeneração é um convite a ser parte consciente da coevolução com a natureza e com o todo que nos cerca.
O conceito de turismo regenerativo é relativamente novo e propõe um envolvimento maior, no sentido de nos reconhecermos como seres integrantes da natureza e de compreender como podemos evoluir junto com ela. É um conceito sustentado por um tripé que bebe direto da fonte da ecologia profunda, e aborda nossa relação com a natureza, com o outro e com nós mesmos.
No Brasil, ainda são poucas as referências a viagens regenerativas ou turismo regenerativo. Mas em 2020 a Regenerative Travel começou a ser discutida mais constantemente por publicações estrangeiras especializadas em viagens ou não, como o New York Times. Uma reportagem publicada em agosto no jornal americano chamou a atenção para o tema com o título “Move over, sustainable Travel. Regenerative Travel has arrived.” O texto aponta vários caminhos para ações regenerativas seguidos por organizações sem fins lucrativos, associações de operadores de viagem e escritório de promoção turística.
Carlos Briceño Fibieg, co-fundador da Iniciativa Global para Turismo Regenerativo e da Caminhada Sustentável, define o turismo regenerativo da seguinte forma:
“O Turismo Regenerativo é uma compreensão emergente, em evolução e dinâmica que inclui a sustentabilidade no âmbito dos sistemas vivos e circulares. Considera uma visão sistêmica que enfatiza a relação do homem consigo mesmo, com o outro e com a natureza. Uma proposta que vai além do turismo sustentável, que parte do conceito de desenvolvimento regenerativo e busca não somente preservar, mas sim recuperar, resgatar, regenerar, os diversos impactos negativos que já causamos para ecossistemas, culturas e indivíduos enquanto atividade turística. Onde o outro é convidada a visitar o local, diminuindo o ritmo do visitante e criando uma experiência que ativa conexões profundas e positivas entre o visitante, a comunidade local ( o outro), o local e os sistemas que sustentam a vida, alinhando tanto o local quanto o visitante aos ritmos da natureza. No turismo regenerativo, a integração de todos os atores em sua concepção deve ser priorizada, a fim de apoiar o propósito co-criado do destino, as alianças co-evolucionárias com a natureza e o pensamento sistêmico, podendo assim, construir a capacidade dos sistemas socioambientais para obter um crescimento saudável a longo prazo e interações que sejam mutuamente benéficas.”
Caminhe por caminhos que ekoam!
A proposta da Ekoways Turismo é levar o “turismo sustentável para um outro nível” e “ir além do básico”. O foco está na consolidação do desenvolvimento do turismo regenerativo, energizando a elaboração de produtos turísticos para parceiros e clientes que queiram contribuir para o bem-estar socioambiental e econômico das comunidades locais, além da proteção do patrimônio natural e cultural, seguindo os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030.
Por meio da prestação de serviços de consultoria para parceiros que se interessam em “ir além do básico”, podemos incluir articulações entre atores-chave para a monitoração e sinalização de toda a fauna e flora local, afim de aprofundar o conhecimento das funções ecossistêmicas da biodiversidade, de acordo com nosso lema #ConhecerparaConservar.
Outro serviço prestado, é a consultoria para que mais estabelecimentos, pousadas, fazendas e hotéis se tornem, ou assumam um compromisso com o conceito Lixo Zero, facilitando a economia circular e o gerenciamento integrado dos resíduos sólidos dentro da cadeia turística. Oferecemos workshops, experiências, oficinas e programas de Educação Ambiental que criam caminhos para uma vida sem desperdício energético, caminhos que geram impactos positivos para o ecossistema pertencente, caminhos que ekoam mais vitalidade e cooperação com o ambiente que está inserido.
É por isso que nossos produtos, nossos roteiros oferecem abordagens e oportunidades de vivenciar experiências que vão de encontro com as comunidades locais, promovendo uma ponte entre residente e visitante, entre quem busca e quem oferece, sempre pensando em como os envolvidos (e aqui me refiro a todos os sistemas vivos aninhados neste ecossistema, como a biodiversidade por exemplo) possam se beneficiar mutuamente. Para se aprofundar um pouco mais sobre esse olhar, fique por dentro de algumas abordagens ligadas a estes conceitos.
Abordagens sobre o conceito do Turismo Comunitário Regenerativo:
O turismo comunitário regenerativo é uma forma de fazer turismo com um propósito, onde o visitante é parte essencial para a obtenção de riqueza econômica no local que visita, facilita o resgate de recursos culturais e naturais, fortalece a identidade e equidade de gênero, promove o empoderamento e representatividade da comunidade como oportunidade de desenvolvimento adequado.
Por outro lado, o visitante consegue vivenciar uma experiência que amplia o alcance de uma transformação da percepção consciente do mundo. Este segmento de turismo é composto por uma série de movimentos constantes e evolucionários, co-criando emoções e sentimentos para os diversos atores da complexa rede que forma a cadeia produtiva, como turistas, hospedeiros, fornecedores, meio ambiente e seus diferentes setores como a agricultura, pecuária, público, privado, sociedade civil, estado e etc.
O turismo comunitário regenerativo, mais do que um conceito, é a melhor forma de fazer com que o grupo de pessoas de uma comunidade volte a vislumbrar o seu propósito comunitário original, encontrando o sentido das raízes da comunidade e com base nisso, desenvolver a atividade turística alcançando para que o visitante alcance um momento de verdade para a regeneração do lugar, dos recursos, das pessoas e do meio ambiente.
Resumidamente, é o turismo experiencial transformador cujo propósito é co-criar múltiplas convergências da essência dos recursos comunitários, sob uma abordagem sistêmica onde todos participam de forma viva, para atingir o momento da verdade na experiência que alcança a regeneração do ambiente social, ambiental, político, econômico, cultural e espiritual.
Vem com a gente! E vamos juntos trilhar por caminhos que ekoam bem-estar e que nos levam de volta para casa, para dentro de nós mesmos, para mergulharmos na nossa natureza reconectada com o todo a nossa volta.
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