QUILOMBOS DO RIBEIRA – VALE DO RIBEIRA

O Vale do Ribeira é localizado no sul de São Paulo e leste do Paraná, contém 2.830.666 de hectares de florestas, equivalente a cerca de 21% dos remanescentes de Mata atlântica existentes no Brasil, sendo 150 mil de remanescentes de restingas e 17 mil de manguezais nas áreas preservadas.

Além da riqueza ambiental, o Vale do Ribeira possui carga e patrimônio cultural extremamente rico. Apresenta em seu território maior número de comunidades remanescentes de quilombos de toda São Paulo, como comunidades caiçaras, indígenas Guarani, pescadores tradicionais e pequenos produtores rurais. Com tamanha diversidade cultural, por isso, se tornando tão singular, única e rara. Afinal, dificilmente encontrará diversidade cultural tão forte e tão próxima a regiões urbanizadas como São Paulo e Curitiba.   

Uma forma incrível de conhecer mais sobre o cotidiano e atividades do Quilombo, observar seus conhecimentos tradicionais, visitar as belezas naturais e principalmente escutar as histórias que registram fatos da luta pelos direitos humanos e resistência das comunidades, as quais contribuem até hoje para preservar as riquezas da sociobiodiversidade da região, é através de um turismo de base comunitária. 

Você já experimentou ter a experiência ÚNICA de fazer turismo de base comunitária ao mesmo tempo que aproveita para conhecer mais sobre a cultura afro-brasileira? Se interessou, entre em contato conosco ↓

Mas o que é uma comunidade quilombola? 

De acordo com o idioma africano quimbundo, o qual deu origem à palavra “quilombo” – significa:

“sociedade formada por jovens guerreiros que pertenciam a grupos étnicos desenraizados de suas comunidades.” Entretanto, a definição mais comum é: “comunidade negra rural habitada por descendentes de africanos escravizados, com laços de parentesco, que vivem da agricultura de subsistência, em terra doada, comprada ou secularmente ocupada por seus antepassados, os quais mantêm suas tradições culturais e as vivenciam no presente, como suas histórias e seu código de ética, que são transmitidos oralmente de geração a geração.”

ELDORADO – QUILOMBO PEDRO CUBAS E PEDRO CUBAS DE CIMA

A região de Eldorado fica no Vale do Ribeira, localizado no sul do estado de SP, abrange a Bacia Hidrográfica do Rio Ribeira de Iguape e é banhado por muitos quilombos e comunidades. A região destaca-se pelo alto grau de preservação de suas matas e pela grande diversidade ecológica

As comunidades de Pedro Cubas e Pedro Cubas de Cima localizam-se a aproximadamente 34 Km da cidade de Eldorado. O início da estrada que conduz às comunidade está na altura do km 96 da estrada que liga as cidades de Eldorado e Iporanga (SP-165). 

Para chegar até Pedro Cubas é preciso atravessar o Rio Ribeira de Iguape utilizando a balsa que fica na altura do bairro Batatal, e percorrer 10 km por uma estrada de chão. Dois quilômetros adiante você já está na divisa com o território de Pedro Cubas de Cima. 

Ambos territórios se reconhecem como uma única comunidade, unificando o inventário dos lugares e tomando-os como bens culturais historicamente compartilhados. Cerca de 143 pessoas vivem em Pedro Cubas e 79 pessoas em Pedro Cubas de Cima, das quais mais de 55% têm menos de 30 anos. 

Devastação ambiental

Antigamente, podia-se navegar no Rio Pedro Cubas, entretanto sua vazão diminuiu por conta do desmatamento nas margens, ocorrendo o fenômeno de assoreamento do rio. Também era comum ter nas margens, animais como capivaras, veados e pacas, e no rio peixes. Atualmente, ainda há práticas de pesca, mas os peixes estão desaparecendo, justamente por conta da poluição da água a qual ocorre pelo fato do uso do rio para irrigação (alagamento) de plantio de arroz com uso de agrotóxicos em fazenda vizinha, que entra em contato com a água ameaçando a existência do mesmo, prejudicando a saúde da população. 

As casas dos quilombos são abastecidas pelo Rio Pedro Cubas, além disso,  marca os territórios de Pedro Cubas e Pedro Cubas de Cima e deságua no Rio Ribeira. A conservação das cabeceiras do Rio Pedro Cubas, que perpassa os dois territórios, é uma prioridade para a conservação ambiental das terras desses quilombos, assegurando às comunidades o controle sobre a qualidade das águas do rio.

O TERRITÓRIO

O território de Pedro Cubas tem 92,8% da área coberta por mata primária ou capoeirão em seus 3.806 hectares. Já Pedro Cubas de Cima possui 87,6% da área coberta por mata primaria e capoeirão em seus 6.875 hectares, a maior parte dessas áreas de Pedro Cubas de Cima que não estão cobertas por algum tipo de cobertura vegetal natural (vegetação rasteira, capoeiras em diversos estágios e matas), são atualmente utilizadas para pastagens e para o cultivo de arroz em propriedades de terceiros.

  Ambos territórios possuem origem florestal como cipós, taquara, taboa, vários tipos de madeira, palmito juçara, plantas medicinais nativas e sementes. Muitos destes recursos são utilizados para construção de casas, cercas e abrigos das criações e também para confecção de artefatos de uso tradicional quilombola. Quando não utilizados para estes fins, são vendidos e/ou usados como meio alimentar.  

HISTÓRICO CULTURAL

Acredita-se que as origens do quilombo são remanescentes desde de 1626, quando o bravo escravo Pedro Cubas fugiu de uma senzala da fazenda Caiacanga, conhecida pela violência praticada contra os negros. Se uniu com Gregório Marinho, fundador da comunidade, (tataravô) de Sr. Antônio Benedito Jorge, patriarca da comunidade de Pedro Cubas. A ocupação dessas terras teve início com escravos fugidos que trabalhavam em fazendas de mineração do ouro em outras localidades da região no século XVIII. Gregório Marinho veio da região de Ivaporunduva entre 1849 e 1856. O tronco da família Marinho é uma das famílias fundadoras dos povoados de Pedro Cubas e Pedro Cubas de Cima. 

A comunidade de Pedro Cubas obteve o reconhecimento oficial como comunidade quilombola pelo Itesp em 1998, e 5 anos depois foi a vez de Pedro Cubas de Cima, em 2003. A área de Pedro Cubas foi titulada, mas ainda não foi desentrosada. Já a situação fundiária de Pedro Cubas de Cima é ainda mais complicada porque existem muitos fazendeiros de fora ameaçando as famílias quilombolas e as terras não foram tituladas. Até começo de 2013, essa questão ainda não estava solucionada e até hoje continuam lutando por seus direitos. 

O Sr. Antônio Jorge atualmente é palestrante, atua em atividades da agricultura quilombola, e é monitor do Parque Estadual da Caverna do Diabo. Infelizmente, relatou que a tradição quilombola como pilar do arroz ou a produção de café tem reduzido a cada dia. A equipe Ekoways ao visitar sua casa, teve a oportunidade e o privilégio de provar um chá conhecido como “erva de quilombo, chá de índigena – Guamirim”, servido pela “Tia Leide”, esposa de Sr. Jorge.

EXPERIÊNCIAS CULTURAIS IMATERIAIS: 

É possível conhecer a agricultura da roça quilombola e aprender como cultivar os alimentos, como plantar arroz, feijão, milho, cará, cana, taiá, mandioca, inhame e cará de árvore. Uma caminhada pela roça com aprendizados sobre as plantas locais. 

Uma experiência que pode ir além dos aprendizados, com possibilidade de visita a cachoeira da laranjeira, degustação da deliciosa comida quilombola e hospedagem de base comunitária. 

Uma experiência significativa e marcante que deixará lembranças por toda sua vida! 

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ATRATIVOS CULTURAIS 

As comunidades de Pedro Cubas e Pedro Cubas de Cima, contam com 47 bens culturais, sendo 24 íntegros, 15 são memória e oito são ruínas. Em relação às integras entram atividades agrícolas, o oficio de benzedor, assim como as celebrações, com destaque para a bandeira do Divino, com sua tripulação de cantadores, e a Recomendação das Almas, entretanto está se reduzindo cada vez mais esta tradição nos quilombos do Vale do Ribeira.

Os bens culturais em memória são principalmente as formas de expressão como as danças (fandango, mão esquerda e a Romaria de São Gonçalo). Entretanto, alguns fazendeiros tomaram lugares como o Morro do Cruzeiro, o que impede as comunidades a acessar a um lugar central de sua memória histórica. A igreja de Santa Catarina, o barracão de palha da associação e uma casa de farinha foram inventariadas por sua relevância cultural para ambas as comunidades de Pedro cubas. 

CAMINHO DO TROPEIRO 

Existem caminhos de tropeiros que são atalhos nos territórios quilombolas. Em Pedro Cubas e Pedro Cubas de Cima, passa o Caminho do Tropeiro que liga o município de Guapiara até o rio Ribeira, muitos relatam que havia uma via principal e dela saiam mais que ligavam outras localidades como Taquari, São Pedro, Ivaporunduva. Eram estes os caminhos utilizados antes de haver estradas. Caminhos para Guapiara também são mencionados no inventário dos quilombos Maria Rosa (Caminho da Serra Acima) e Galvão (Caminho dos Pilões).

quilombo São Pedro

Na parte do caminho entre as casas dos moradores até o rio Ribeira, na vila do Batatal, foi aberta uma estrada de cerca de 17 quilômetros de extensão, que substituiu o uso do caminho. No trecho que liga a comunidade até Guapeara, o caminho percorre boa parte por dentro do Parque Estadual Intervales, e os moradores de Pedro Cubas já não fazem as trocas comerciais que costumavam realizar, concentrando as relações com a cidade de Eldorado.


QUILOMBO SAPATU E QUEDA DE MEU DEUS

O território do quilombo Sapatu possui cerca de 3.711 hectares, com extensa vegetação e rio, fica localizado em Eldorado próximo às margens do Rio Ribeira de Iguape. Os quilombolas não têm posse definitiva da terra, fazem 20 anos que o quilombo é reconhecido, mas ainda o estado brasileiro não deu retorno sobre a titularidade definitiva da terra. Este, não é completamente tombado pelo governo, entretanto a população local empenha-se em manter o local longe de atividades extrativistas predatórias lutando para que as hidrelétricas não construam barragens no rio, o que poderia  resultar em solo infértil e também prejudicaria a preservação dos costumes. 

Além disso, a falta de tituladade faz com que o território de sapatu seja menos desenvolvido do que os territórios que possuem tal titularidade, pois estes conseguem mais benefícios do governo. Politicamente os quilombos tem uma exclusão social, ainda assim, os quilombolas pagam impostos, igual a todos e não tem o retorno, do que é deles por direito. 

Em 1870 estima-se que começou a ser fundada a comunidade quilombola de Sapatu, formada por escravos refugiados (de origem africana) e brasileiros que tentavam fugir do alistamento para a guerra do Paraguai. Por isso, sua população é remanescente de escravos e descendentes de africanos, entretanto, com o tempo, sua cultura foi se extinguindo, principalmente para os mais novos.

Os quilombolas utilizam seu terra para agricultura, habitação e desenvolvimento do artesanato. Sendo a principal fonte econômica, a agricultura de banana, palmito pupunha e mandioca. Além do turismo local. 

CURIOSIDADE 

O quilombo Sapatu fica localizado a aproximadamente 35 km do centro da cidade de Eldorado. Seu nome foi originado a partir de uma discussão entre duas mulheres enquanto lavavam roupa.

Uma delas disse: “você é sapa“, e a outra respondeu, “sapa é tu “, originando o nome Sapatu

CACHOEIRA DE SAPATU

Cachoeira queda de Meu Deus

Próxima à rodovia SP 165, a cachoeira de sapatu é considerada um bem cultural. Em 2011, foi incluída no conjunto de atrativos turísticos que integra o Circuito Quilombola de Turismo de Base Comunitária. Embora a cachoeira esteja dentro do território quilombola, o acesso a ela tem de ser negociado com o ocupante da área

Dito isto, a trilha passa por uma sequência de cachoeiras e termina na Cachoeira Queda de Meu Deus, com aproximadamente 53 METROS de altura. Para se ter acesso às primeiras cachoeiras, caminha-se pela trilha do Vale das Ostras. Para chegar à Queda de Meu Deus, deve-se continuar pela mesma trilha cruzando o Rio das Ostras. 

Extensão: 7.6km 

Tempo médio de percurso: 4h a pé (ida e volta) ou 30 min de carro

Relato de Ivo Santos Rosa, quilombola do Sapatu: 

Esta cachoeira fica no Ribeirão do Lava-pés, dentro da mata fechada, a mais ou menos 120m da rodovia SP 165, no km 104. O rio chama-se Lava-Pés porque as pessoas lavavam os pés ali quando viajam para ir a cidade. É uma paisagem exuberante, com muitos pés de Guapiruvu e grandes pedras de aproximadamente 20m cada lado. 

As atividades na cachoeira começaram com os antigos, quando moradores tradicionais tomavam banho e brincavam. Na minha infância era nosso lazer e costume tomar banho de cachoeira e também rios. A partir dos anos 1980, começou a surgir um grande número de pessoas querendo visitar o local. Com a chegada do turismo, o ocupante da área que dá acesso à cachoeira começou a cobrar uma taxa de entrada para fazer a manutenção da trilha e obter mais segurança dos visitantes. A trilha tem necessidades de cordas para seguir rumo a cachoeira. 

A cachoeira é importante pra comunidade, porque além de ser um lugar de lazer dos moradores de Sapatu, ela é um atrativo turístico muito bonito e tem um potencial de geração de renda para a comunidade.” 

A ekoways esteve presente e conhece diferentes monitores com especializações em observação de aves, cogumelos com foco em etnoturismo e quilombola. Ficou curioso(a) e gostaria de receber orientações? Fale com a nossa equipe através do whatsapp, pelo site da ekoways ou deixe um comentário!

PARQUE ESTADUAL CAVERNA DO DIABO

A MAIOR caverna de São Paulo. Trilhas, cachoeiras e mirantes, uma verdadeira obra da natureza! Quer conhecer mais? Entre em contato conosco!

BEM VINDOS A REGENERAÇÃO

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ROTA DE TURISMO REGENERATIVO:

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