Passeio Caiçara no Paraná, conheça uma experiência única de turismo caiçara

TURISMO DE BASE COMUNITÁRIA NO LITORAL PARANAENSE

Você sabia que o litoral paranaense é um verdadeiro paraíso inexplorado?

Esse lindo território, o lagamar paranaense é uma região composta por paisagens exuberantes que vão desde montanhas até planícies, de estuários e mares, a flashes e cenários de uma época com muita história para compartilhar, isso contando desde a época da descoberta do Brasil. 

Muito além dos aprendizados históricos e das trocas culturais, essa região faz parte de uma reserva da Biosfera da Mata Atlântica. Um lugar que abriga uma biodiversidade riquíssima. Tanto que é considerado um dos maiores berçários da vida marinha do mundo! E é nesse paraíso que é feito o Passeio Caiçara, um roteiro provavelmente diferente de tudo que você já fez antes. 

A Rede Caiçara: onde tudo acontece 

A Rede Caiçara é fruto de um Projeto de Educação Ambiental. Juntos, temos uma proposta de oferecer um passeio de qualidade, além de preservar a identidade local e promover o turismo sustentável. 

A Comunidade de São Miguel é uma das 18 comunidades que fazem parte do grupo de turismo de base comunitária. A rede se divide em 3 principais eixos com diferentes associações do litoral paranaense. 

Mapa do Turismo de Base Comunitária do Litoral do Paraná

São Miguel faz parte da Rede Caiçara de turismo comunitário, que somado a outras 5 comunidades estão localizados nos arredores da Baia de Paranaguá. O segundo eixo chamado Guaraguatá fica nos arredores de Guaraqueçaba com outras 7 comunidades caiçaras. E o terceiro eixo é chamado de Guarapés, está localizado mais próximo do município de Guaratuba com suas 5 comunidades caiçaras prontinhas para receber a sua visita. Quer saber mais sobre como agendar sua visita? Entra em contato com a gente! 😉

Olha só como foi nossa aventura conhecendo melhor a Comunidade de São Miguel…

Começo da aventura: partindo de Paranaguá 

Transporte a moda caiçara
Transporte a moda caiçara

Nossa experiência começou no embarque de Paranaguá, sentindo o vento no rosto misturado com o sol e nossos olhos se perdiam, felizes, na imensidão azul do mar que banha o litoral paranaense. 

Munidos de protetores de ouvido, capa de chuva e muito acolhimento por parte de nossos anfitriões, nos locomovemos até a comunidade de São Miguel. 

Nosso transporte? Uma canoa caiçara a motor, feita de fibra e dirigida por Romildo. Um nobre pescador, que apesar de não se identificar como liderança comunitária, é um líder nato do local. Quem nos acompanhou foi Ytalo, representante da Rede de Turismo Caiçara.

Pesca artesanal de siris

turismo caiçara
Pesca do siri

Quase chegando no nosso destino, uma parada especial para recolher as armadilhas da pesca artesanal de siris. Seu Romildo, explicou muito bem, que não se pescam fêmeas, justamente por que elas são essenciais para a sustentabilidade do ecossistema da espécie. Além da garantia da pesca do dia de amanhã. 

Aliás, uma outra curiosidade importante: você sabia que as fêmeas ficam prenhas logo quando bem jovens e que permanecem quase seu período inteiro de vida com as ovas? Vivem em torno de um ano. 

Já os machos possuem outra coloração e estes, sim, são pescados e alimentam as comunidades e os mercados de municipais de Paranaguá. 

Outra curiosidade interessante foi saber que as gaiolas, feitas para pescar os siris, são de material reciclável: aros de bicicleta e garrafas pet. Os próprios pescadores que as produzem artesanalmente. A sustentabilidade da região agradece! 

Nota-se também alguns dos objetivos do turismo sustentável sendo cumpridos logo de cara, como a conservação do ambiente natural e sua biodiversidade, a consideração do patrimônio cultural e valores locais e a garantia da qualidade dos produtos, processos e atitudes. 

Hospedagem na casa dos locais 

Chegando na comunidade, fomos muito bem recebidos pela família de Romildo, que nos hospedou e já nos ofereceu um delicioso café. Ytalo, nosso parceiro, foi junto e nos contou sobre as demais possibilidades de atividades que podemos nos aventurar na região:

• Trilha do Morro do Careca: Distância: 0,7 km (ida); Tempo de caminhada leve de 1 hora; Ekodica: lindo pôr-do-sol.

• Vivência de manguezal e biodiversidade: Tempo de caminhada de 1 hora; Atividade: passeio pelo mangue, pesca de caranguejos e observação da natureza.

• Trilha  Pedra Santa: Distância 1,4km (ida e volta); Tempo de caminhada leve de 30 minutos.

• Trilha Morro Zequinha: Tempo de caminhada leve de 30 minutos.

• Passeio de bicicleta pela Prainha: Tempo de 40 minutos de ida; passeio moderado.

• Oficina de Fandango com a Família Domingues. 

Troca de saberes 

saberes caiçara
Muitos saberes transmitidos pelo Sr. Romildo

Nos momentos em que estivemos na casa de Seu Romildo, ele e Ada, sua esposa, nos contaram muitas histórias. Ficamos sabendo como é a rotina dos pescadores locais, aparecimento de lendas do mar, celebração da Festa do Divino… Foi um enorme aprendizado da cultura local. 

O casal também nos contou sobre a dificuldade de se vender os siris e frutos do mar, em geral, por um preço que justifique todo o trabalho e a energia envolvida. Acabam vendendo pelo preço que o mercado exige, mesmo sabendo que o produto será bem mais valorizado mais para a frente. 

Quando é revendido, o produto sai pelo dobro do preço, sem o menor esforço do atravessador. Nessa história apareceu Seu Jaimico, pai de Romildo, um marco histórico da comunidade, que muitas vezes se negou a vender por preços injustos ao tamanho trabalho aplicado. Já imaginou essa rotina? Pense comigo, desde acordar bem cedo na madrugada, a retirar o barco para aproveitar a facilidade das marés. O processo de construção das próprias gaiolas, somado ao tempo de pesca, além de descascar siri por siri e retirar toda a sua carne. Para finalmente, uma última jornada até Paranaguá, para poder vendê-lo.

Seu Jaimico não vendia caso não fosse por um preço mais justo, considerando toda essa mão-de-obra.   Além de excelente pescador e artesão, também era um grande admirador do fandango. Inclusive nós tivemos a sorte de poder participar de uma oficina sensacional com a Família Domingues! 

Oficina de Fandango: antiga tradição cultural 

fandango caiçara

A oficina durou um dia inteiro e uniu crianças e adultos da região. Neste dia, conhecemos um pouco mais da história do fandango. Que foi uma herança vinda de Portugal como música, lá da Ilha dos Açores, porém como dança, surgiu a partir da necessidade de se quebrar o arroz. Quando os homens dançavam de tamanco em cima do que precisava ser quebrado, para juntar o útil ao agradável.

Durante a oficina, conhecemos pessoas como Alysson e Laura, irmãos que dançam, tocam, participam de bailes, oficineiros do grupo de mandicuera, que passam pelas comunidades semeando este resgate tão nobre. Eles fazem parte da nova geração que sabe o valor do gênero musical mais antigo do Brasil. 

Já senhores como o Mestre Rabeca, também presente na oficina, são como tesouros da comunidade. Os instrumentos, inclusive, são feitos pelos próprios músicos. Lembrando que a rebeca e a viola usa de 50 a 80% da madeira da caxeta utilizada no instrumento. 

Hoje, o fandango continua como um Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. No Paraná, existem alguns grupos que se dedicam bastante para sua continuidade, que seja sempre tocado e praticado ao longo das futuras gerações.

 Sua prática associada à organização de mutirões – nos roçados, nas colheitas ou na construção de benfeitorias, e está presente nas mais diversas festas religiosas, batizados, casamentos e carnaval, quando se comemoram os quatro dias ao som das violas, rabecas, machete, aldufos, caixas e tamancos. 

Neste dia, aprendemos mais sobre algumas características da cultura caiçara. Você conhece o termo “Domingueira”? Pois é, descobrimos que era quando o pessoal se juntava para tocar fandango, logo depois do almoço, lembrando dos áureos tempos em que a comunidade se juntava para fazer farinha. 

E o que dizer da competição de futebol dos times dos solteiros e dos casados? Alguns ensinamentos só a convivência e a experiência nos traz. 

Passeio de bike pela Prainha 

turismo caiçara

Nesse mesmo dia, fizemos um passeio até a comunidade vizinha, conhecida como Prainha pelos locais ou também como Ponta de Ubá. Fica a uns 40 min de bicicleta desde a comunidade de São Miguel.

Nossos guias locais, os filhos e parente de Romildo, foram excelentes condutores, muito cuidadosos e sob a sombra de uma árvore, ao lado de canoas caiçaras e na beira mar compartilharam conosco muitos saberes da gastronomia local. 

 Ali sentamos e fomos muito bem nutridos com informações sobre a comunidade local, com aproximadamente umas 90 pessoas, tem como principal renda a pesca de camarão, respeitando os períodos de defeso, e a pesca de peixe como tainha, parati e linguado, típicos da região. 

Após um tempo de bons papos sentados na areia, na beira mar, iniciamos nosso pedal de volta a São Miguel. Pelo caminho, muitos túneis verdes formados pela exuberância das árvores da Mata Atlântica, além do verde claro dos musgos encantando a trilha e o frescor revigorante de estar em meio a natureza com a comunidade. Alguns momentos ficam registrados para sempre em nossa memória!

O que ficou disso tudo? 

Foi uma viagem extraordinária, que recomento muito a todos que sentem essa conexão com a natureza e valorizam um contato mais próximo com quem tem muito a compartilhar. Uma oportunidade de integração muito vantajosa para quem deseja conhecer para conversar!

turismo caiçara
Ricos sabores e saberes compartilhados da cultura caiçara

Você já fez alguma viagem parecida com essa? Quer saber mais?

A EkoWays tem um trabalho de anos visitando e conhecendo algumas comunidades, que hoje são nossas parceiras. Ficamos muito felizes em compartilhar mais sobre essas vivências. Estamos a disposição para esclarecer qualquer dúvida sobre o que fazer, ou como e qual comunidade visitar. Para concluir, sabemos que esse formato de turismo de base comunitária também pode ajudar a regenerar a cultura, a economia e o meio ambiente.

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Simm
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